Tive sorte, muita
sorte: pizza na Sorriso; primário no Imaculada, com Zé Carlos e Xisto; lá,
campeões com um gol de pênalti que fiz, o que me rendeu ser erguido nos braços
(suprema emoção!): o gol era um vão, de 2m (de altura) x 70cm, que dava acesso
ao corredor dos banheiros. No Marista, uma medalha: melhor aluno (cursava a 7ª
série e não sabia da aferição, mas, embora surpreso e tímido, fiquei muito
contente); futebol, no Águia Negra. Tá, no “Aguinha”, da pivetada. E daí? Ops!
Gazeei umas aulas e me foi “solicitada” a saída de sala em outras tantas. Poucas.
Tive sorte, muita
sorte: comi fruta tirada do pé (alheio); fomos (Ranulfo já incluído) lanchar na
novíssima lanchonete do Bompreço da Pajuçara e na Lobrás, às matinês do São Luiz
e, à noite, ao Plaza (filmes impróprios). Domingo, Sete Coqueiros (ponto de
encontro), comer zip-zip no treiler (assim, aportuguesado mesmo), de mesmo
nome, do Galego e passeburger, no Passaporte Gaúcho. Nos “assaltos” do Tonho
Setton e do Ricardo Carnaúba — os melhores, em suas respectivas épocas —,
dançar muito “Hotel Califórnia”, do Eagles, as trilhas dos filmes do
John Travolta e da novela Dancing Days...
Tive sorte, muita
sorte: praia do “Ipaneminha”, boates Oitão (quase de fralda), Stallus e Middô,
o Fornace, bailes de carnaval da Fênix... Saímos até na Jangadeiros Alagoanos!
Ônibus, só sem pagar, descendo pela traseira (a borboleta era atrás). Acampei,
com o Zé e o Purê — seu Camucé não deixava o Camucé ir — na Paripueira (festa
de St° Amaro). A Danúbio: festa de salgados, doces e paqueras nas tardes de
férias. Às vezes, uma ida à Shups, matar o calor. Os Festivais de Cinema de
Penedo (chinfra!), com o Kleyner, o Rio, com o Purê — quando fugimos de um
perseguidor imaginário, na deserta estação ferroviária da Zona Norte — e a Faz.
Santa Fé, do Prado.
Tive sorte, muita
sorte: identifiquei-me, desde cedo, com ideais ditos “de esquerda”; gostava de
ouvir os discursos avermelhados de José Costa, Eduardo Bomfim e Moura Rocha; em
passeata estudantil de protesto, no Recife (cursava Engenharia na Federal de
lá), meu rosto quase ampara um soco (perdido) de um policial do “Choque”:
privilégio, o risco sofrido.
Por essas sortes
que tive, vivi esses momentos únicos, no final da infância, início da
adolescência, numa outra Maceió. Essencialmente simples, tornaram-se
inesquecíveis na sua simplicidade. Tive sorte, muita sorte, tê-los vivido.
Graças a Deus!
__________
Escrito em mar.2016
Crônica
publicada no jornal Gazeta de Alagoas, de 10/3/2006
Foto em https://culturaeviagem.wordpress.com/2013/03/16/orla-de-maceio-passado-presente-e-futuro/
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