quinta-feira, 28 de julho de 2011

Os EUA são a América?

Toda vez que percebo (lembro) que os EUA se apropriaram do nome da América - eles são a AMÉRICA? -, sinto um misto de irresignação e antipatia.

Nenhum país europeu se arvora ser a Europa. O mesmo ocorre com a Ásia, a África, a Antártida ou a Oceania. Mas os Estados Unidos da América se autodenominam "a" América. E assim fizeram tornar-se conhecidos.


São, assim, entre todos os povos do continente americano, os únicos a quem se "pode" chamar americanos.

Chato, isto...
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terça-feira, 26 de julho de 2011

Covarde

*P/publicação também no jornal Gazeta de Alagoas e na revista O Drible

http://paz-ummundomelhor.blogspot.com
“Jogo não é lugar pra mulher.” “Vai pra casa, mulher.” “Olha o que eu tenho aqui pra você”, e pegava nas partes, que, fosse por minha vontade, seriam extirpadas pra’quele animal nunca mais ter onde pegar.  Gol do CSA, aos 46 minutos do segundo tempo. O quadrúpede quase caía por cima dela, que estava com sua família ― duas filhas adolescentes, e um filho com a namorada, mais afastado, já contando uns 18 anos, de quem a mãe, com receio de algo pior, mantinha ignorante do que estava acontecendo ―, e agitava a camisa (acertando o rosto de uma das garotas), momento em que ela decidiu ir embora, sem chamar a atenção do filho (para quem ela estava indo porque o jogo estava praticamente encerrado).

Aconteceu no último CRB x CSA, quando este, com a vitória alcançada nos minutos finais, logrou manter-se na 1ª divisão do alagoano. Era pra ser só uma festa para os azulinos (que comemorariam a permanência na elite) e tristeza para os regatianos (que pretendiam mandar novamente o rival à segundona, sem sucesso). Era pra ser só coisas do futebol. Mas lá, nas cadeiras do “Rei Pelé”, havia um imbecil, um criminoso, um sujeito que indiscutivelmente nutria um ódio doentio pelas mulheres, e que, dando azo à sua canalhice e covardia resolveu divertir-se desrespeitando uma jovem senhora e mãe, apenas porque desacompanhada de um homem adulto.

Não foi nas arquibancadas altas, nem nas baixas. Tampouco no meio das torcidas Comando Alvirrubro ou Mancha Azul, maiores torcidas de CRB e CSA, respectivamente, e principal alvo dos responsáveis pela segurança no estádio. Ocorreu nas cadeiras. Nas cadeiras!

A jovem mãe é nossa amiga, e regatiana de ir a todos os jogos. Ela explicou-nos, dias depois, o porquê de ter ido assistir ao CRB 1 x 0 Fortaleza nas arquibancadas, próximo à Comando (aliás, adorou e assegurou-me que doravante somente iria pra lá), e não nas cadeiras, como havíamos combinado e fomos. Confesso que meu estômago embrulhou com a história.

A propósito, alô PM, alô meus caros amigos do MP, drs. Max e Denise! As cadeiras devem ser divididas: um lado para os regatianos, outro para os azulinos. E a torcida visitante não pode ficar tão próxima às cadeiras (menos ainda em cima de parte das do 1º piso). A probabilidade de conflito existe e é potencial. Já tive problemas com um torcedor rival que queria porque queria sentar-se na cadeira em que meu filho se encontrava até minutos antes de ir ao banheiro. Deu-me trabalho “convencê-lo” a sair.

Ei, covarde que odeia mulher! Um dia você terá menos sorte.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Óbidos


Estariámos no séc. I, cidade de Eburobrittium, rodeados por romanos, visigodos e árabes. Ou no iniciozinho do séc. II, quando a veríamos ser tomada aos mouros e posteriormente servido de dote a várias rainhas de Portugal.

É que a atmosfera da vila portuguesa de Óbidos, no início da primavera deste abril de pleno séc. XXI, deve guardar muita semelhança com aqueles ares. Lá estão, cruzada a Porta da Vila forrada por azulejos setecentistas, entre suas muralhas, séculos de história marcados por imenso patrimônio arquitetônico religioso, além de evidentes sinais históricos.

Óbidos é tão simpática quanto deslumbrante e bucólica. Chegados à Casa das Senhoras Rainhas (nosso hotel), e após degustarmos a ginginha (imperdível licor feito de ginja, fruta que lembra a cereja) com algumas frutas e chocolates com que nos receberam, fomos ao passeio.

Caminhamos sobre a muralha do castelo que a envolve (às vezes bastante estreita e algo perigosa), depois por suas ruelas empedradas e tortuosas, casario harmonioso pintado com barras azuis ou amarelas, janelas floridas de roseirais, madressilvas e buganvílias, candeeiros antigos, monumentos, igrejas e capelas.

Troca-Tintos
Já à noite, saboreado o delicioso jantar e as não menos gostosas “peras bêbadas” (cozinhadas embebidas em vinho) no seu mais famoso monumento nacional, o Castelo (Pousada) de Óbidos, rumamos ao charmoso “Troca-Tintos”, bar próximo à entrada secundária da muralha, já por fora dela, onde conhecemos Christinna e Mota: aquela, sua jovem proprietária; este, talentoso músico, maestro e, claro, bebedor de vinho. Simpáticos é pouco. Christinna, um doce de garota; o Mota, uma figuraça.

Ginginha
Bebemos cerveja (eu), vinho (nossos amigos) e ginginha (Ana Paula) durante toda a madrugada, papeando sobre nossos países, música, literatura e amor. Maestro da Big Band da Nazaré, Mota nos presenteou com um ótimo CD, e nos ensinou que o brinde, para valer, deve ser acompanhado do olhar ― e arregalava os olhos, encarando-nos e empunhando sua taça na direção das nossas (risos). Contei, até umas horas, a história do meu namoro com AP, relato recheado de parênteses para a conta de algum detalhe peculiar, mas ao que o Mota, ansioso, já, pelo ápice da narração, protestou, bravo: chega de parênteses, André! Divertimo-nos demais! Muito obrigado aos nossos amigos pela noite deliciosa.

Dia próximo a nascer, fomos embora. Força da diurese, por pouco não marquei meu território na milenar muralha. A tentação foi grande, mas contive-me até chegar ao hotel. Juro!
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Tb pub. na Gazeta de Alagoas

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Nunca duvidem da ADVOCEF

Feito o convite, e prontamente aceito — como doravante narrarei melhor —, vi-me numa autêntica sinuca de bico, num quase inexpugnável mato sem cachorro. Aliás, não imagino no que a Kika, a cadelinha-irritada-azuretada-poodle que mora conosco desde o ano 2000 (velhinha, já, acho), iria ajudar-me se me deparasse no mato com ela, mais desorientada do que eu, como o é. Mas alguma serventia deveria ter, cachorra (desculpem, cadela) que é, caso contrário a frase não viraria chavão (nome horrível, por sinal). Falar nisso, havia me prometido contribuir empenhadamente pela extirpação definitiva de clichês e chavões. Mas como fazê-lo, sem criatividade, sem disposição intelectual, sem brilho como me encontro? Ainda mais, ironia das ironias, para escrever no fascículo de número sem, ops!, cem, da revista!...

Sinceramente! Não, sinceramente, não. Porque é claro que é sinceramente. Se sinceramente não tem porque não ser, desnecessária a ênfase. Mantê-la, aliás, pode, por isto mesmo, até depor contra. Assim, refaço o início, para simplesmente afirmar: senti-me honrado. Isto, isto mesmo: honrado. Senti-me. Feliz, diria mais. E sinto-me, porque também estou, deveras(!) aperreado, uma vez atrasado no cumprimento do compromisso que me honrou.

A honra se deve ao convite para fazer uma singela homenagem em forma de crônica ao fascículo de nº 100 desta Advocef em revista. O que poderia responder? Aceito (como lá atrás ventilei)! Essas coisas não costumo titubear. É sim. Depois a gente vê... Mesmo sabendo que seria uma enorme furada, afinal também tinha a indisfarçável consciência de que nem de longe atenderia ao tanto de que eram merecedores a homenageada, o seu centésimo fascículo e a sua brilhante equipe — desde os notáveis colaboradores, colegas de profissão e de crônicas e contos, passando pelos responsáveis pelas belíssimas ilustrações (Ronaldo Selistre), capa, contracapa e projeto gráfico (Eduardo Furasté), pela editoração eletrônica (José Roberto Vazquez Elmo), pelas ótimas matérias jornalísticas (Mário Goulart Duarte – Jornalista Responsável, e Manoela Andrade – Jornalista Assistente) e Conselho Editorial de escol. Aliás, por favor, meu caro Mário, não me diga que não vou poder citá-los e ao amigo, como de outra vez fizeste, quando a você me referi outrora. Já os citei. E agora não deleto mais.

Eu dizia que são 100 fascículos, completados agora, mas a bela história da revista começou lá atrás, antes até dela mesma, com o então Jornal da Advocef (nos anos 1990). Somente em 2001 surgiu o Boletim da Advocef, agora já a revista, até ter o nome e a formatação atual.

Interessante destacar que a Advocef sempre enxergou a necessidade premente de criar uma mídia que lhe conferisse maior visibilidade, que se tornasse um eficiente canal de voz, seja em face da administração da CAIXA, seja em face dos próprios advogados da empresa. Tanto assim o é que criada a associação em agosto de 1992, já no ano seguinte circulava o primeiro fascículo do Jornal.

Em pouquíssimo tempo, portanto, desde o surgimento da nossa Associação, os advogados da CAIXA ganharam um periódico corporativo que dignifica e orgulha a sua profissão, a sua luta, a sua história, o seu conhecimento técnico-jurídico, a sua excelência. Um excelente periódico para uma excelente corporação.

Não vou negar, porém, que é para as páginas da crônica ou do conto que primeiro parto assim que recebo meu exemplar mensal. Por razões decerto óbvias. Aqui tenho lido belos exemplos de literatura. Daquela literatura dos que não têm tempo para ela, mas a trazem amarradas a si, como um fardo tão solitário quanto prazeroso, para afinal encontrar, aqui, o espaço para o alento do desaguar.

Falando nos textos literários e no espaço que lhes abre a Revista, não espanta tenha parido uma filha bela, a Revista de Literatura da ADVOCEF (2010), trabalho gráfico excelente, de conteúdo primoroso, perfilando, em síntese sugestiva, o talento do pessoal que trabalha na área jurídica da CAIXA. Tive a alegria de ver dois contos meus incluídos entre as obras da antologia. Não é difícil entender porque me seria impossível negar a escrita dessas mal traçadas linhas (ah!, os clichês...).

Quanto às matérias técnico-jurídicas e jornalísticas, estrelas maiores da Revista, nada ficam a dever a qualquer periódico corporativo publicado. Antes, é um orgulho, como o é ser advogado da CAIXA.

Falando na querida cliente e patroa, cuja defesa diuturna realizamos com tanto denodo, dedicação e competência, encerro a crônica, parafraseando o Presidente da empresa, para dizer aos que eventualmente possam não ter acreditado na nossa Associação e em sua força, da qual esta Revista é um dos mais caros emblemas: nunca mais duvidem(os) da ADVOCEF.
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*Publicada, sob encomenda, na Revista da ADVOCEF (Associação Nacional dos Advogados da CAIXA), edição de Junho/2011