segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Pessoa-presente

Crônica
Pessoas são o melhor presente. Digo de presente externo a nós. Explico. A nossa vida, mesma, nossos órgãos, sentidos, saúde, e por aí vai, são presentes “de dentro pra dentro”. Ganhamos. Daí serem presentes. Mas estão em nós. Poderiam não estar, ou não vir a estar. Ou até serem recuperados, se perdidos. Ou não. Mas confundem-se conosco. Compõem a gente, o nosso ser. Entende?

Pois bem, o resto é tudo presente de fora pra dentro. Como as coisas. E as pessoas. Seu trabalho, um carro, uma casa, um amigo, seus pais... Só que as coisas-presente podem ser apoderadas por nós. É até legítimo e natural fazê-lo. Afinal, são nossas. Passaram a sê-lo. Já as pessoas-presente também as ganhamos, mas não são nossas, apesar de serem presentes que recebemos de Deus, ou de algo além a nós e a este mundo, conforme você acredite, ou não, nEle. E ainda assim, não sendo nossa propriedade, nosso cuidado com as pessoas-presente deve ser, até por isto, maior.

Claro que nem tudo (ou todos) são “presentes de flora”. Existem também os “presentes de grego”. Coisas ou pessoas podem ser “presentes de grego”. Mas estes já seriam assunto para outra crônica. O destaque, aqui, vai para o supra-sumo daqueles: os “presentes de Deus”. Não quer significar, porém, que porque não é “de grego” não haja algo deste num “presente de flora”, e vice-versa.

Há cerca de quatro anos recebi uma pessoa-presente da melhor qualidade. Logo pensei: pôxa, é Deus mais uma vez demonstrando o seu amor por mim. E desde o início, dizia-lhe: você é um “presente de Deus”, uma prova irrefutável de que Ele existe, mesmo. Sinto isto. E sempre Lhe agradeço muito esse super-mimo. E a ela também, que me diz adorar ser uma pessoa-presente pra mim.

Uma vez, em seu aniversário, mandei fazer uma faixa e colocá-la em frente a sua casa. Não é original, sei. Na verdade detesto essas coisas muito melosas, exageradas. Gosto, não. Mas pus em frente a sua casa, tentando não ser piegas. Lá eu reafirmava sua condição de “presente divino” pra mim. Ficou legal. Ela gostou pra caramba! Claro, né?

Tenho um cuidado “da pega” com essa pessoa-presente. Claro que as porções “de grego” que há em todo “presente de flora” às vezes nos chateiam. Oh, imperfeitos! É que é um aprendizado lidar com pessoas-presente. E quando é um presente de Deus, então? Mas é muito bom. Procuramos sentar na primeira fila e prestar bem atenção à aula. Às vezes não fazemos a lição de casa. Mas depois tentamos compensar estudando mais. E assim vamos tentando ser pessoas-presente um para o outro. Acho, porém, que nunca vou ser tanto como ela é pra mim, apesar dela jurar de pés juntos que sou até mais. Mas, deixa eu dizer, ela leva uma vantagem enorme. Descobri, certo dia, folheando um livro numa livraria de aeroporto, o significado de seu nome: presente de Deus.