—
Hummm... O Ambrósio acaba de chegar!
—
Ihhh! Tô vendo. Carrão, hein?
— O
que deve estar fazendo?
—
Sei lá... Mas boa coisa deve ser não. Lembra da fama do pai? Tal pai, tal
filho, minha querida.
— Na
certa, na certa. Se puxou ao genitor, deve estar roubando até pirulito de criança.
Ai ai...
— Mas
ainda tá bonitão. Olha só! Nem parece que se passaram vinte anos, desde que
saímos do colégio.
—
Humpf! Deve estar ainda mais metido a besta que antes.
—
Isso lá é. Rico e ainda gato... Deve estar insuportável!
—
Ouvi dizer que se separou daquele tribufu da época de colégio. Lembra dela?
—
Não diga!!! Também, nunca entendi aquele namoro! Um gostoso desse namorando com
aquela cdf feiosa... Nunca entendi o título de Rainha do Milho que recebeu naquele
São João.
—
Nem eu. Só pode ter sido marmelada.
—
Modéstia à parte, qualquer uma de nós dava de goleada nela.
— Ele
ainda continua uma graça.
—
Ah! Mas eu nunca quis nada com ele, não! Homem metido demais! Tô fora, minha filha.
—
Nem eu, querida! Imagina! Esse tipo de homem é só pra olhar. E olhe lá! Sem
trocadilho.
—
Claro. A gente tem que se dar ao valor, não é?
— Vou
te contar uma coisa. Jura segredo?
—
Claro, amiga! Pode dizer.
— É
que lembrei de uma vez em que ele tentou me beijar enquanto dançava comigo.
—
Jura? Pois nunca vi Ambrósio dançando com você. Quando foi?
— Ah,
nem lembro mais. Só recordo que ficou me apertando, todo fogoso, com aquele
olhar de homem apaixonado. Caidaço por mim. Mas não sou doida, né? Tinha que me
dar ao respeito. E foi o que fiz. Pedi licença, e deixei ele sozinho na pista
de dança!
—
Humm... Sei... Caramba, que memória a minha... Não lembro! Que coisa, né? Mas
claro que acredito... Você jamaaaisss iria mentir pra mim...! Mas quer dizer
que o peste olhava pra você também? E dizia estar apaixonado por mim, o cachorro!
—
Por você?
— Ah!
Contei e pronto. Mas peço segredo também. Tanto tempo... Nessa época já
namorava a mocréia. Prometeu ficar comigo, se eu o quisesse. Já pensou?
—
Não acredito! Quero dizer... Nunca pensei! Você? Menina, não fosse minha melhoooor
amiga, juraria que está mentindo.
—
Por quê? Só você pode despertar interesse no Brosinho?
—
Brosinho?
—
Era assim que me pedia para chamá-lo. Isto antes, claro, de eu colocá-lo em seu
devido lugar.
— Pois
nunca notei nada entre vocês também. Bom, desculpe. Herrrr, acredito em vc... Ainda
bem que resistimos, então. Cada uma!
—
Ai, lá vem ele.
— Tá
nervosa? Não se preocupe. Como ele deve vir falar primeiro comigo, eu o distraio
até você se acalmar. Ihhh! Tá vindo!
— Desculpe,
amiiiga. Mas quanto a esse aspecto, divergimos! Quer pagar pra ver como ele
virá falar primeiro comigo?
—
Chega um pouco pra lá.
—
Chega você. Assim, tá impedindo sua visão.
—
(...)
—
(...)
—
Passou?! Não nos viu!?!?
—
Ai, meu Deus!!
—
Ambrósio!!!
—
Ambrósio!!! Ei, Ambróóósio...!
—
Sim? Ah! Olá, como vão?
—
Tuuudo bem, Ambróóósio!!! Pensei que não ia falar conosco!
—
É!!! Também! Também!
—
Desculpe minha indelicadeza. Não tinha visto as senhoras. Muito prazer! Mas...,
ajudem-me: são mães de quem?
—
(...)
—
(...)
—
Grosso.
—
Feio.
_________________
Escrito em jan.2007
Publicado no jornal Gazeta de Alagoas, Caderno Saber, de 03/02/2007
Foto em http://www.colorizemedialearning.com/
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