sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Culpa de minha mãe


Hoje, quando escrevo, é aniversário de minha boa e querida mãe. Anteontem, no aniversário de meu sogro (pai de minha namorada; aliás, ótimo sujeito), conversando com um bom amigo sobre o excelente momento do nosso querido CRB e o importante jogo que se avizinhava no dia seguinte, contra o América/RN — cujo resultado, é de se ressaltar, pois motivo de mais alegrias, conferiu ao Galo o direito de disputar a final do Campeonato Brasileiro da Série C —, fiquei sabendo que sua mãe já era falecida. Sem procurar dar destaque à informação, olhei-o, meio assim de soslaio, tentando esconder alguma tristeza solidária e constrangida, e vi-me a imaginar o quão privilegiado eu era por ainda ter a minha, comigo, neste mundo terreno e tão difícil de lidar.


Há dois meses comemoramos o aniversário de 80 anos de meu pai. Há cerca de doze anos voltei a morar com eles. A despeito de filho adulto convivendo com os pais, há absoluta harmonia. Raramente, raramente mesmo, vivenciamos alguma arenga. Sim, porque bons filhos não brigam com bons pais. Quando muito, arengam. No outro dia, mágoa inexiste.

Voltando ainda um tanto, fora a vez de minha filha caçula e minha primogênita. Daqui a cerca de dois meses, será o de meu filho, o do meio. Todos, absolutamente todos gozando de saúde. Todos igualmente prenhes de bons princípios e prática conforme a ética e a moral que ensinamos e esperamos venham a praticar.

Poucos dias atrás comemorei(amos) um ano de namoro. Período de plena harmonia, compreensão, generosidade, cumplicidade, companheirismo, maturidade, alegrias, paixão... Amor. Não faz muitos meses, completei 22 anos trabalhando na mesma empresa. Uma empresa que a despeito das mudanças neoliberais experimentadas pelo mundo e, também, pelo Brasil, retomou o respeito por seus empregados e pelo público a que serve.

Algum bom tempo atrás, percebi era capaz de despertar inveja. Por favor, não me entenda mal, caro leitor ou leitora. Não se trata de empáfia de minha parte. Definitivamente, não “tô me achando”. Mas ao mesmo tempo em que esta percepção me entristecia e, principalmente, surpreendia (sem falsa modéstia, inveja de quê?), confortava-me, afinal não dizem que o invejoso é apenas quem não se limita a admirar? Doutra parte, tenho irmãos e amigos verdadeiros e leais. Poucos, vá lá, mas maravilhosos.

Como você já deve ter percebido, amigo leitor ou leitora ― desculpa aí a intimidade! ―, a crônica tá emocionada e feliz. Uma coisa meio “balanço positivo”, né? Mas vou te dizer: tudo culpa de minha mãe.