quarta-feira, 4 de abril de 2012

O amor bom

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Também publicada no jornal impresso Gazeta de Alagoas, Caderno SABER, edição de sábado (05/05/2012)

Nem todo amor faz bem. Nem todo amor só faz bem. Há os que fazem algum mal. E os que só fazem mal. Amor pode ser bom, ou mais ou menos bom, ou “mais bom” do que ruim. Ou ruim. Não há amor verdadeiro, no sentido de que os outros seriam falsos. Se é falso, não é amor. Todo amor é verdadeiro. O amor é. Simplesmente. Ou há amor, ou não há.

O amor não se explica. Sente-se. É o sentimento que você tem do amor, que é o próprio amor, que faz você concluir se ele é um bom ou um mau amor, ou um mais ou menos bom, ou um mais ou menos mau. Tem que ter olhos pra sentir e coração pra ver. Se não você corre o risco de sentir um amor menos bom, pra sempre. Mas até de um amor ruim você pode aproveitar alguma coisa boa. Ele normalmente faz sofrer. Oportunidade de crescimento, pois. Para largá-lo depois.


Bom mesmo é o amor bom. Não o perfeito. Não existe. A perfeição não tem graça nenhuma. E o amor é uma graça. A graça do amor, embora divina, serve para o crescimento dos que amam. Logo, não poderia ser perfeito. Onde há perfeição, não nasce crescimento. O crescimento precisa do imperfeito para existir. O amor bom é imperfeito. Ou perfeito na sua imperfeição. No amor bom também pode haver aflição. Mas o gosto é mais doce.

Você sabe logo que o amor é bom quando ele não é ruim. Simples e óbvio assim. O problema é ter coragem de largar o amor ruim. Daí que até pra isto o amor ruim, ou menos bom, ou não tão bom, ou péssimo serve. Qualquer amor, assim, é o melhor parâmetro pra se reconhecer o amor bom.

O amor bom precisa de maturidade para existir. Pra ser bom. Não necessariamente idade adulta, muito menos experiência. Há velhinhos e velhinhas imaturos, e jovens maduros. E há pessoas que jamais aprendem com suas experiências. A maturidade também possibilita avaliar a qualidade do amor. Depois, ajuda a aperfeiçoá-lo, todo o tempo, de modo que você sempre pode e deseja torná-lo melhor, mas jamais o privará da graça da sua imperfeição. A maturidade permite que o amor seja dedicado, generoso, compreensivo, compassivo, seguro, respeitoso. Pleno. O amor precisa de água para não morrer. Mas quem faz com que o amor seja regado, todos os dias, é a maturidade.

O sinal mais visível do amor bom é a paz que ele dá. Sem a paz não há felicidade. Não há sequer saúde. Sem paz você adoece. Só o amor bom tem a paz dentro de si. O que torna um amor bom não é o desejo, a emoção, paixão, quentura de que seja impregnado. Até o amor ruim pode ser apaixonante. Mas nem por isto deixa de ser ruim. O amor bom vai além. O amor bom é mais. Tem mais. Mais de bom. Bom demais. O amor bom traz paz.