domingo, 9 de maio de 2010

Mãe

Queria porque queria escrever algo pra você, mãe. Mas você prefere não receber cartão porque invariavelmente se emociona, chora e o coração acaba sendo perigosamente exigido. E você tá pra lá de certa. Deixa quieto. Também não sei como escrever pra você sem parecer piegas. É tudo tão intenso, tão forte. Mas aí tive a idéia de escrever uma pequena crônica e postá-la no blog. Pronto. Resolvido. Você certamente nunca a lerá, simplesmente porque não acessa a internet. Assim, não se emociona. Afinal, o que os olhos não veem (ou leem) o coração não sente, não é mesmo?

Voltei à nossa casa faz pouco mais de 10 anos. Resultado: como os outros vividos em sua companhia, estes são sempre os melhores. Eu havia saído tão cedo, né, mãe? Os primeiros dezoito anos de vida são muito pouco. Talvez mais pro filho, porque só vai se entender gente lá pela adolescência, que por natureza é egoísta e “independente” dos pais. Assim, durante aquela fase pouco os curte. Voltar depois de tanto tempo foi um presente divino. O caminho até a volta foi meio tortuoso, é fato, mas não se diz (e é verdade) que Deus escreve certo por linhas tortas?

Sabe, mãe, vou te dar um retorno que somente filhos podem dar. Conheço a mãe de muita gente, de muitos amigos e amigas. Conheço um tanto de mãe, mãe. Mas nenhuma, nenhuma é mais mãe do que você. Podem até existir mães iguais a você — e certamente há muitas, porque Deus, na sua infinita bondade, não seria bom somente pra mim, claro —, mas melhor do que você, apostaria a minha vida: não há.

Todos os dias, todos os dias, mãe, agradeço a Ele por ter você e meu pai comigo. Acho até que quando a encontro aqui em casa, quando invariavelmente entro no seu quarto ao acordar, para vê-la, ou quando tomamos café da manhã juntos, ou quando chego à noitinha e você está na sua cadeira preferida vendo TV, ou fazendo suas palavras cruzadas de letras enormes (melhor para enxergar), ou rezando seu terço diário, ou me dizendo um vá com Deus quando saio, quando me abraça em silêncio, ou quando me diz um “te amo”, baixinho, no meu ouvido, acho até que em todas essas vezes eu agradeço a Deus por você, mãe.

É..., não dá pra descrever o que sinto. É mesmo difícil falar de você sem ter vontade de chorar, sem constatar o quanto sou feliz, o quanto sou abençoado, o quanto tenho de continuar agradecendo a você e a Ele. Agradecer. Agradecer. Agradecer. E agradecer. Você não é uma mãe, mãe. Você é “a” mãe. E ainda bem que “a” mãe é, justamente, a minha mãe.