sexta-feira, 20 de junho de 2014

A serventia do amigo


revnilsonjr.wordpress.com/2010/09/13/bom-amigo/
Pra que serve o verdadeiro amigo, senão pra sê-lo?

Amigo não basta estar fisicamente perto, se está longe, ou fisicamente longe, mesmo, e você imaginar, desejar, ou (tentar) crer que ele o é. Não se mede pela proximidade, ou pela distância. Amigo deve ser presente. Estar perto não significa necessariamente estar próximo; longe, tampouco distante. É poder ser sentido perto, ainda quando fisicamente longe. Não se fica perto por telepatia, porém. Para estar perto é preciso mais que necessidade. Precisa ter vontade, e fazer por onde se estar, e fazer acontecer. Estar presente, não porque aconteceu de estar, mas por ser o resultado, até, de uma ausência sentida que se buscou ver suprida. Até porque amigo é alguém que cativou e foi cativado, de modo que ele é tão responsável por você quanto você o é por ele; lembra? Daí que se você já foi um amigo perto, e não é mais, tal não aconteceu por direito seu, embora por vontade sua.

Você saberá quem é seu amigo não apenas no infortúnio, na eventual desgraça (que se espera não se a experimente), na tristeza, mas talvez principalmente na alegria e no sucesso. Quer reconhecer um amigo (ou não), veja como ele se comporta frente a um sucesso que você alcance, uma conquista. A reação frente a qualquer coisa que sujeite você a ser admirado já será suficiente pra perceber se ele é amigo ou não. Não raro dirá mais do que o que lhe oferece um “ombro” na tristeza. Amigo na tristeza é tão fácil como ser amigo para usufruir do sucesso que o outro alcançou. Amigo não é necessariamente o dono do ombro onde você chorou. Mas pode definitivamente não o ser, se nem o ombro te deu. É mais ou menos como linha telefônica que não falha. A ligação é invariavelmente completada, e você usa, muito, porque o número é favorito.

Amigo é aquele que sente a sua falta, e de quem você sente falta, e que faz falta, mesmo até quando você tem um amor. Há quem pretenda substituir-se, enquanto amor, a amigo. E há quem tente substituir amigo por amor. Essencialmente impossível. Simplesmente porque uma coisa não tem nada a ver com a outra. Nem se completam, nem se excluem, nem se conflitam. Por isto mesmo, ai do amor que não é amigo. Amar imprescinde da amizade. Se o amor não for amigo, tampouco é amor. Donde a responsabilidade do amor, mas isto é outra história.

O melhor amigo, ou o grande amigo é aquele que está lá antes de você imaginar que vai precisar dele, ou não. Nem que seja pra comemorar.


No fundo, amigo deve servir mesmo é pra quando você não precisa dele. No mais, ele atua. Afinal, é amigo.