segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Gramados enfezados



Mais agradáveis poderiam ser os breves passeios que por recomendação médica tenho realizado na recém-concluída urbanização da Sílvio Viana — e pensar que por pouco seriam na Robert Kennedy (ôxe!).

Não, leitor(a), sem crítica aos gramados e calçadas (têm até sido razoavelmente limpos e aguados) ou aos coqueirais da Sílvio Viana (reurbanização havia séculos aguardada). Nem vou protestar contra a crônica poluição do mar, que apesar disso majestosa e serenamente compõe nossa belíssima bacia da Pajuçara, ao menos para nosso deleite visual.

 
O assunto é a sujeira permitida (às vezes até estimulada!) pelos passantes da Sílvio Viana. Definitivamente, não têm respeito pelo bem comum.


É, é sobre cocô. Não excrementos, fezes...: esses são sinônimos tolerantes demais. Já basta me abster de citar outros mais sonoros, em atenção aos mais sensíveis. Mas cocô, faço questão! É distintivo, perdoe-me. Inaceitável, porém, o seu depósito em locais impróprios, como os gramados e calçadas da Sílvio Viana.


Claro que não estou a tratar do seu, nem do meu: não invadiria assim a sua intimidade, tampouco exporia a minha. Minha insubmissão é com a presença atrevida, deseducada e “ameaçadora” (aos nossos pés e calçados) dos produzidos pelos cãezinhos e canzarrões. Melhor: meu protesto é contra os bípedes a quem os quadrúpedes acompanham no passeio (quem será quem, hem?). E são de todas as idades: desde a(o) empregada(o) da casa onde habita o canino, passando pelo “marombado”, com seu pit bull, até os mais idosos... Todos suspeitos.


Além dos inocentes anônimos, correram o risco — porque vieram fazer-me companhia no passeio convalescente (meu dever, pois, evitar-lhes desafortunada pisadela no dito cujo) —meus amigos Ranulfo (amizade que é vinho de boa cepa) e Marcelo Malta (irmão camarada), minha amada namorada, Dolly (como bom varão, empreendi cuidados redobrados), meus pequenos, Andrezinho e Ananda, ainda indefesos contra as agruras da vida — aí incluídos os cocôs de cachorro (minha adolescente, Mariana, porque em Recife, escapou desse lazer adrenalínico) — e até minha mãe querida (cujos cuidados dispensam referência). Todos viveram essa mal-cheirosa tensão.


Portanto, por favor! Você, que vestiu a carapuça, ouça as placas fincadas nos gramados da Sílvio Viana, que berram — já roucas — para seus ouvidos mal-educados: Não deixe o seu cão sujar a grama! E a calçada (acrescento)! E se sujar, limpe o seu cocô! Não o seu. O do cão! Ah, sim: não pise a grama!

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Escrito em fev.2006
Crônica publicada no jornal Gazeta de Alagoas, de 17/02/2006
http://parquenovoiraja2.blogspot.com.br/2013/04/aos-donos-de-cachorros-que-nao-recolhem.html

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