segunda-feira, 29 de março de 2010

Vício?

Outro dia ouvi um conhecido comentar comigo e com um amigo meu que seu time do coração era como um vício. O CRB acabara de jogar mal a partida anterior, e lá estava ele na Pajuçara para acompanhá-lo em mais uma disputa. Externara, então, o desejo de que houvesse um remédio que o curasse desse vício de gostar de futebol, e ele se esqueceria de tudo o que a esse esporte se relacionasse, notadamente do Regatas, claro. Haja sofrimento, reclamava.

Pois o CRB fez uma péssima partida. Fez, então, na verdade, sua pior partida de todo o campeonato alagoano. Perdera, e perdera jogando muito mal. E em sua casa. No caminho pra casa meu amigo então lembrou o que dissera aquele conhecido comum, fazendo suas as palavras dele. Da boca pra fora, sou capaz de apostar. No fim das contas, um desabafo de ambos, tenho a certeza. Mas...

Fiquei depois refletindo sobre o que disseram aqueles dois companheiros de infortúnio, embora decorrente, o desalento, da queda quase vertiginosa que vinha sofrendo o Galo na competição. E me perguntei se eu também gostaria de encontrar uma droga que me fizesse deixar de lado o CRB e o futebol.

Pus-me então a imaginar a minha vida sem ele. Comecei a analisar se era um vício o meu sentimento para com aquele clube e suas cores vermelha e branca. E se vício era, seria claro pra mim que deveria dele me curar, porque todo vício é, por princípio, algo ruim. Felizmente não precisei ir longe em minhas divagações. Seja porque, concluí, de vício não se trata, seja porque se vício fosse faltaria tratamento para a cura. Assim, até por isto, melhor não o seja.

Na verdade, a minha vida sem o CRB, constatei com facilidade, apresentaria um vácuo tão grande que não poderia ser preenchido por nada, muito menos por qualquer outro esporte, e menos ainda por outro clube de futebol. Sem querer parecer piegas, o espaço que a ausência do CRB deixaria na minha vida seria para sempre vazio. As alegrias e tristezas decorrentes dos momentos vividos em sua companhia seriam para sempre lembradas e nostalgicamente desejadas. Não porque as tristezas sejam algo agradável. Mas porque quando se está com algo ou alguém a quem se ama não se deseja compartilhar apenas os momentos de alegria, mas também os de tristeza. Ainda que se trate de um clube de futebol. E aí constatei que não é vício o que sinto. É amor.
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Também postada no sítio
Futebolalagoano.com

4 comentários:

Joyce disse...

Eu nunca li uma crônica sua que retratasse sobre futebol pq conheço pouco do assunto então não me atentava a lê.No entanto essa me chamou atenção pelo título e acabei lendo. Sei o quanto CRB representa na sua vida e mesmo que eu nunca tenha dito isso, você sempre despertou em mim uma tamanha admiração por esse seu amor desmedido pelo seu time. É um amor notório! É o amor que você emprega nas palavras quando escreve a respeito, é o amor (e orgulho) que você tem ao vestir a camisa, é o amor quando você se entristece quando ele perde, é o amor quando você se alegra quando ele ganha. Eu imagino o vácuo (adoro essa palavra) que ficaria a sua vida ou melhor, nem quero imaginar, pois eu sempre teria a impressão que algo está faltando em você e esse algo é o CRB. Parabéns, mais uma vez!!

Beijoss

André Falcão de Melo disse...

Não imagine (o vácuo) Joycinha... Não imagine... Deus me livre! Qto à palavra, vc gosta. Ô se gosta! rs Brigado por ter inaugurado suas leituras de crônica sobre futebol justo com esta. Bjão!

André Falcão de Melo disse...

"Como assim não poderia ser preenchido por nada, e eu?"
Hehehe Esta é a minha filhota pequena. Vc seria uma das poucas pessoas que certamente amenizariam a dor da falta. Bjs

Anônimo disse...

Amenizaria naada! Acabaria! kkkkkk
beijoooo, te amo!