terça-feira, 9 de agosto de 2011

Superstição?




http://alexandrefilo.blogspot.com

Era azulino e franzino o Jaílson. Foi no último CRB x CSA. Chegou cedo ao Trapichão e cuidou de arranjar assento nas cadeiras azuis (pra ver se dava sorte, já que o Azulão precisava vencer para evitar nova visita à segunda divisão do alagoano). Seu filho, que o acompanhava, postou-se ao seu lado.

Enquanto conversava com um vizinho, sentado uma fila acima da sua, sobre o exagero de proibir-se tomar uma cervejinha nos estádios, foi avisado por Jailsinho que iria ao banheiro. Estava com uma brutal “dor de barriga”, provavelmente de nervoso e apreensão pelo início do jogo.

Ao banheiro o imberbe rapaz, Jaílson voltou a bater papo, postando-se de costas à cadeira do filho. Conversa vai, conversa vem, um sujeito senta na cadeira de Jailsinho; o pai não percebeu, distraído que estava. Quando já longos minutos depois veio a notá-lo, tentou persuadi-lo a sair da cadeira, deste recebendo um imperturbável não. “Amigo, tô aqui há pelo menos 10 minutos. Guardar lugar, não pode. Vou sair, não. Ele que sente em outro lugar.” Em vão, as explicações de Jaílson.

Bom, seja porque o sujeito parecia um armário de tão forte, seja porque lugares próximos ainda havia, seja finalmente porque o garoto estava mesmo demorando, Jaílson não insistiu. Quando o então amarelado (por razões óbvias) Jailsinho retorna, Jaílson explicou-lhe rapidamente a situação, orientando-o a sentar-se numa cadeira próxima, embora branca. O armário permanecia imóvel.

Iniciado o segundo tempo. Nada de gol. Pior: o CRB começou a mandar no jogo. Força de uma alteração equivocada, porém, o CSA ganha novo ânimo e passa a pressionar. Trinta minutos, Trinta e cinco, quarenta minutos. Jaílson e Jailsinho já não cabiam mais em si de ansiedade.  Mas... Eita! Claro! Essa a urucubaca! Jailsinho precisava sentar-se nas cadeiras azuis, pensou. Porém, não havia vaga em nenhuma. Foi aí que Jaílson, tomado da “coragem” que só o desespero pode, contraditoriamente que seja, conferir, ele se dirige ao vizinho, e diz-lhe: “Por favor, deixe meu filho sentar na cadeira. É por isto, pode acreditar, que o CSA não fez um gol. Vamos cair e o culpado será você.” Sem ter mais razão para brigar pela cadeira, e também porque tão desesperado quanto Jaílson, o vizinho saiu.

Caro leitor, foi só o Jailsinho colocar o traseiro quase desfalecido na cadeira e... gooolll! Gol do CSA! 46 min do 2º tempo. Jaílson e o armário abraçaram-se como grandes amigos e marcaram uma cervejinha pra dali a pouco.

3 comentários:

Ana Paula disse...

Sei não, Mô...mas pra não arriscar, vou repetir a roupa(da sorte!)que usei nos últimos jogos que assisti e o CRB ganhou!!! bjooo

André Falcão de Melo disse...

Mas é claro!!! E precisamos, mesmo, porque contra o América vai ser pedreira!
bjs

André Falcão de Melo disse...

Muito obrigado, Fernandinha. Que bom que vc gostou. Foi uma pequena homenagem ao Jaílson, um azulino porreta que conheço. Mas ele só serviu de inspiração. A história, de verdade, só tem o gol (pena, aliás - rsrs). bjão