domingo, 26 de junho de 2011

Guarda-chuva à milanesa


Milão - Piazza di Duomo (1)
Lindo. Bicolor. Chumbo, suavemente dourado, com uma parte menor quase roxa, fosca e acinzentada. Finos detalhes dourados no cabo e na engrenagem. Estilo italiano. Compramos na belíssima Galleria Vittorio Emanuelle II, em Milão. De repente: Cadê? Cadê o guarda-chuva? A nossa história na cosmopolita cidade italiana, porém, começara no dia anterior.


Assim que chegamos ao hotel fomos dar uma volta nos arredores, próximos à Porta Romana, uma das antigas portas de entrada em Milão. Ficou tarde, restaurantes fecharam, e acabamos jantando mesmo um Mc Donalds na calçada em frente, com o muro da escadaria da vizinha estação de metrô servindo de mesa. Romântico, por isto mesmo.
Porta Romana (2)

Por essa época (abril) acontecia a International Fair of Milan, mais importante salão de decoração, móveis, design ou qualquer coisa relacionada a essa parte da arquitetura de todo o mundo, além da EUROLUCE, especializada em iluminação — esta objeto principal da curiosidade profissional de minha namorada, que é arquiteta e empresária do ramo, diferentemente de mim, um neoadmirador. Quanta poesia... Foi lá que prestei singela homenagem a outra grande paixão, em quattrifolio posto à disposição do público. Meu querido CRB. Único time de meu coração. Veja nas duas fotos imediatamente abaixo (risos).

Depois, obrigatória a visita à região da Tortona, onde ocorre uma série de eventos similares (Tortona Design Week). Aliás, se há um bairro que é a cara de Milão na época da feira é a Zona Tortona. Ruas, lojas, bares, fábricas, jardins que são pura arte, moda e design, além de gente dos mais diversos países, a maioria pra lá de estranha. Vale a pena ir e curtir cada ruela com seus barezinhos cabeça, cervejinha gelada, cachorro-quente alemão e seu público louco. Vez por outra, Tom ou Chico na vitrola. Acredite. Verdade. Diversão garantida. Mas esse foi um passeio somente realizado no segundo dia em Milão. Voltemos ao lanche na estação e ao ombrello.
Feira Internacional de Milão (3)

Pois bem, dia seguinte aos sanduíches, rumamos imediatamente à Piazza di Duomo, como é mundialmente conhecida porque lá se encontra a Duomo di Milano, talvez a mais impressionante edificação em estilo gótico de toda a Europa. Complexa, grandiosa e de uma beleza estonteante. Aliás, lá não se pode deixar de visitar também o Palazzo Reale di Milano, de estilo neoclássico, além do Castello Sforzesco, do séc. XV.
Castelo Sforzesco (4)

Depois, ingressamos na Emanuelle. Como chovia um pouco, compramos um guarda-chuva. Aquele, do início. Como era bonito!... Dava gosto chovesse, só para que a gente pudesse passear por ele protegidos. Iniciada a noite resolvemos nos aquietar num de seus restaurantes. Alojamos no chão, quase debaixo da mesa, o guarda-chuva e a sacola de compra contendo apenas a embalagem (o relógio que ganhara de presente de aniversário já estava no meu pulso). As duas também chamavam a atenção por sua beleza. Já as massas, tão custosas quanto deliciosas. Ao menos.
Galeria Emanuelle - interior (5)

Comidas, fomos passear mais. O frio já se instalara, mas a noite ainda tardaria — não escurece antes das 8:30h. Muitas bicicletas de aluguel. Andavam livre e despreocupadamente entre os carros, que atentamente delas desviavam ou eram por elas obrigados a frear. Atravessar a rua, moleza. Bastava a menção de pisar a faixa de pedestre para o carro brecar de imediato.

Foi quando Ana Paula deu pela falta do guarda-chuva. Claro! No restaurante da Emmanuele. Fomos correndo, não. Mas com o passo apressado. Droga, perdê-lo. Tão bonito. E nem serventia havia tido ainda. A galeria ficando mais perto, mais rápido caminhávamos. Pouca, porém, a esperança.

Enfim, chegamos. Havia um casal na mesma mesa. Já pretendíamos falar com o gerente quando, abaixando os olhos mais detidamente, a surpresa: lá estavam nosso ombrello e a sacola com a caixa vazia de meu relógio, intactos e na mesma posição. O casal nos sorriu e ali caiu a ficha de que já estávamos, mesmo, na Itália.
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* Também publicada no jornal Gazeta de Alagoas, edição de 26/06/2011, p. A-4 (em forma condensada)
(1) http://journalbrazil.com

6 comentários:

Mariana disse...

Paai, adorei você ter postado essas fotos e um pouco de como foi a viagem de vocês. Gostei bastante, mas ficou um gostinho de quero mais (hehe); por isso, quando eu for para Maceió quero saber tudo, pois sei que isso não foi nem 10% da ótima viagem de vocês :) beijos, te amo

André Falcão de Melo disse...

rs É,... ficou sim, certamente... Até porque a crônica não pretendeu, nem de longe, relatar a viagem, mas apenas um ou outro fato, servido de inspiração. Bj, Mazoca! Saudades de vc!!!

Anônimo disse...

Que saudade!!! esses foram os nossos primeiros dias na Europa...tivemos tantos momentos maravilhosos e inesquecíveis... e é tão bom relembrar alguns deles através das suas palavras, meu amor!

André Falcão de Melo disse...

Melhor relembrá-los escrevendo sobre eles... Poucos sejam os escolhidos, os outros vêm juntos na memória... saudade tb...

Anônimo disse...

Valeu, Falcão. Comi uma peça à milanesa, me lambuzando todo! Você, sempre, uma "pena" fabulosa. Li primeiro na Gazeta e depois no Blog. Foi quando percebi que filha de peixe é peixinha... O blog da Nanda. Grata surpresa!
Vou te telefonar, agora (...73). Está chamando... minha chamada "foi encaminhada para caixa de mensagem". Insisto agora no ...57... Este número que liguei "não rebebe chamada ou não existe...". Tô sem sorte. Aguardo notícias, irmão.
Abraço,
Marcelo Malta

André Falcão de Melo disse...

Valeu, vc (!), Malta. Vamos nos encontrar, sim. Pode marcar com sua querida esposa Vânia pra gente ver se marca alguma coisa hoje mesmo, mais tardar amanhã.
Forte abraço e muito obrigado!