quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Domingo continuarei Alagoas

Como todos sabem, próximo domingo (06/12) haverá diversos jogos decisivos pelo Campeonato Brasileiro da Série A. Por isto mesmo, certamente a cidade — e principalmente seus bares, já que os estádios onde ocorrerão não se encontram nem nesta capital, nem neste estado — estará tomada por torcedores, daqui mesmo de Alagoas, que, entretanto, torcem por times de fora, notadamente das cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. O fenômeno é cultural, mas bem que poderia sê-lo bebendo-se do exemplo de nossos vizinhos recifenses, que não admitem divisões em seu coração, e não daquela (cultura massificada e alienante) patrocinada pela mídia grande.

E aí há aqueles alagoanos que só torcem por esses times, que são na verdade times dos cariocas e paulistas; há outros que torcem mais por esses, mas também torcem — um pouco, vá lá — pelos de sua terra, e há aqueles que, diferentemente destes últimos, têm o dos outros como seu 2º time. Todos, portanto, na totalidade, em maior, ou em menor grau, sofrem, choram, alegram-se, vibram, brigam, gritam pelo seu time do coração, de estado diverso do seu. Todos, portanto, vestem-se com as cores de seu time do coração, de estado diverso do seu.

Bem, como isto é um fato, tão incontestável quanto lamentável — e aqui quero registrar que a crítica formulada não significa desrespeitar a vontade e amores alheios, mas apenas manifestação de opinião, em defesa do meu estado, de seus clubes e, portanto, de nossa auto-estima —, resta-me — além de escrever essas mal traçadas linhas na esperança, talvez vã, de que alguma alma, aqui e ali, nelas deseje debruçar-se — vestir-me, no próximo domingo, com a camisa do clube da minha terra, das minhas raízes, do meu estado, da minha cidade, do meu dia-a-dia, do meu bairro, da minha infância, do meu chão, da minha história, do meu, efetivamente do meu(!) coração e da minha(!) vida.

E assim poder exibir com orgulho esse amor exclusivo, como exclusivos são os verdadeiros amores. E assim tentar demonstrar que um coração dividido não é tão forte quanto se de um só clube fosse. E demonstrar que a minha Maceió, que a nossa Alagoas não é terra apenas de torcedores de times dos outros, ou de torcedores mistos (com todo o respeito), mas também de alguns resistentes que, felizmente só conseguindo amar àquele de sua história, são (e serão sempre) a ele eternamente fiéis. Assim, domingo estarei, mais uma vez, com muito orgulho e paixão, vestido com a camisa do Clube de Regatas Brasil – CRB.
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Também publicada no jornal Gazeta de Alagoas, de 06/12/2009, e postada no sítio www.futebolalagoano.com

2 comentários:

ALIPIO MADEIRO NETO disse...

Venho manifestar minha admiração e minha emoção ao ler este texto excepcionalmente escrito e publicado neste blog e na Gazeta de Alagoas do dia 06/12/2009. Ao ler o texto escrito pelo André, senti alegria e alívio. Alegria por saber que existem pessoas como o André que valorizam o que é seu e alívio por saber que não sou o único ser humano a pensar e questionar o motivo de Alagoanos não valorizarem o que é efetivamente de Alagoas. Sou Alagoano de nascença e há algum tempo me tornei fã dos Pernambucanos. Mas fã no sentido de admirá-los pelo "bairrismo" exacerbado que toma conta de qualquer pernambucano. Para confirmar tal declaração, basta-nos perguntar a qualquer um que tenha nascido naquelas terras qual o time de coração. Estou certo de que uma das três opções será a correta: Sport, Náutico ou Santa Cruz. Os nossos vizinhos são exemplos para nós, humildes e pequenos no quesito valorize o que é seu. Parabéns André pelas brilhantes palavras e fique certo de que comungo da sua opinião e saiba que, a partir de hoje, virei seu fã.

Anonymous disse...

Prezado André Falcão,

Venho através deste e-mail parabenizá-lo pelos dois textos escritos e postados no site Futebol Alagoano, um do dia 01/12/2009 e outro do dia 06/12/2009.

Primeiramente gostaria de dizer que me emocionei com a redação ali exposta, uma vez que compartilho de seu sofrimento e vontade de ver os torcedores de meu estado, torcerem para os times do estado, não apenas durante as competições (estadual e campeonato brasileiro serie B, C e D), mas sim, durante o ano inteiro, esteja ele jogando ou não.

Acredito que os torcedores carinhosamente chamados de MISTO, não são torcedores mistos, são torcedores comodistas e que, por uma falta de identidade com sua terra, preferem torcer pelos times de fora, e digo ainda que eles são flamengistas, são paulinos, corinthianos (apenas como exemplos dos bares existentes em nossa capital) e não AZULINOS ou REGATEANOS, pois penso que o amor de um tocedor, só pode ser dividido com a Seleção Brasileira, que no meu caso, se jogar o CSA contra a Seleção, serei CSA até o fim!

Às vezes, sou tido como louco junto as rodinhas de amigos, pois defendo o meu AZULÃO em qualquer circunstâcias, estando ele na 1ª ou 2ª divisão do estadual, mesmo estando ele fora do cenário nacional, e continuo usando minha camisa azul e branca sempre que vou sair, pois meu amor pelo Azulão do Mutange é superior a qualquer gozação de quem quer que seja.

Assim, quando eu li o seu texto, vi que não estava só em minhas aflições, e vejo que ainda há esperança no fim do túnel, pois espero que um dia possa estar na rua vendo todos os "torcedores alagoanos" tercendo pelos times de alagoas, pois neste dia, terei a certeza de que tanto azulinos quanto regateanos estarão ajudando os times do estado a crescer e assim, terem mais expressão no cenário nacional, sendo expurgado de nosso estado, todos os MISTOS, que como disse antes, não existem, pois estes torcem apenas para os times de fora!

Um grande abraço.

André Alves, Alagoano e Azulino.