domingo, 2 de outubro de 2011

Próximo!


Não é ele que tá em pé!, disse pro meu vizinho da cadeira ao lado. Acho que ele ouviu. Levantou da cadeira sua bunda magra, seu corpo marombado, com aquela expressão de enfado que combinava com sua cara prenhe do frescor daquele tipo de juventude insensível ao outro, e dirigiu-se, tão devagar quanto possível, algumas três ou quatro cadeiras adiante. Então levantamos das nossas, eu e meu vizinho, e fomos proporcionalmente à frente.

Antes, eu adentrara na Justiça Federal para realizar o recadastramento biométricoeleitoral. Iniciativa da OAB/AL. Havia fila. Quatro fileiras de cerca de dez cadeiras preenchidas pelos mais diversos eleitores me separavam dos atendentes da primeira etapa. Localizado o final da fila, postei-me uma posição atrás daquele vizinho da cadeira.

Mais além daqueles primeiros atendentes, venceríamos mais alguns e receberíamos o almejado título. Passados longos minutos (pra quem está de pé, na fila, todo minuto é longo), chegamos às fileiras de cadeiras. A cada uma livre, por alguém que seria atendido ao grito de “próximo”, uma lá atrás ficava disponível.


O então primeiro incidente com o garotão (lá atrás) ocorreu enquanto eu estava na penúltima fileira. Adiante, no segundo, ao grito de “próximo” mais uma vez ficou com o traseiro grudado à cadeira, alheio a tudo e a todos,. Como nada acontecia, não contamos conversa. Levantamos, ultrapassamos o “cansado” rapazola, e sentamos nas três à sua frente. Nós dois e mais uma companheira “intolerante”, como nós. Ele ficou lá em seu “trono”, ao meu lado, estatelado. Próximo! Minha companheira de infortúnio correu, passando-lhe à frente. Foi aí que ele finalmente saiu do esturpor em que se encontrava e levantou-se, devagar, ficando em pé à nossa frente, tentando manter a pose.

Ele achava que por ter chegado antes isto lhe daria o direito de não levantar seu traseiro para ir sentar nas seguintes cadeiras vagas. Em sua lógica rudimentar, ele não se via obrigado a andar quando a fila andasse. Pouco importava se isto iria empurrar os de trás, mais pra trás, ou, principalmente, se iria suprimir o direito dos que ainda se encontravam em pé de sentar-se. Fosse num centro maior você já teria levado porrada, disse-lhe meu vizinho, com mãos trêmulas de irresignação. O senhor também teria, retrucou, estupefatamente meio bravo. Ao me indagar qual, afinal, era o problema, disse-lhe, com calma um tanto artificial: o problema é que você está errado. Próximo!

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