quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Coita(Dinho)


Há pouco estive de novo na bela Ouro Preto. Povo gentil, acolhedor, igualmente belo. Sim, lá há belíssimas mulheres. Aliás, certa feita um amigo me disse que se apaixonou por todas que lá encontrou: da mais gata da balada à vendedora de confeito (= bala, bombom) postada à frente da porta de entrada. Todas democraticamente lindas.

Pois este intróito sobre a antiga Vila Rica vem de montaria para a pergunta que segue: Como é que se pôde conferir a alcunha de Ouro Preto — se patronímico, pior ainda — àquele vocalista da banda Capital Inicial? Sim, o tal do Dinho. Uma cidade tão importante para o país, política e historicamente... Vou confessar que nunca gostei muito, muito, muito, não, da banda. Gostava muito, muito, muito, de outras da época, como Titãs, Barão, Legião, Paralamas, depois Skank... Mas passado um tempo no ostracismo, ela voltou em 2000, ressuscitando sucessos das décadas de 80 e 90. Agora assumo que não gosto dela. Pronto. E explico.

Na verdade a culpa é do tal do Dinho, e eu não consigo separar uma coisa da outra. Já nutria pouca simpatia quando o via pulando feito um abilolado em algum programa de TV, depois do seu retorno à mídia. Mas quando soube do que o peste aprontou no último Rock in Rio a simpatia que já era pouca virou nenhuma, ou tornou-se antipatia mesmo.

Primeiro, quando fez a defesa dos “grandes jornais brasileiros”, segundo ele vítimas de censura. Oxe, e quais são esses jornalões coita(Dinho)s? Aliás, qual a outra censura, hoje, no país, que não aquela ditada exatamente pela grande mídia, que escolhe o que noticia e como noticia, dando o tom que melhor atende aos interesses das quatro famílias que nela mandam?

Mais: danou-se a esculachar todos os políticos e a política, como se esta não fosse a maior arma do povo de uma nação, ajudando, assim, a despolitizá-lo.

Mas o pior vem agora: ele calou quando aquelas milhares de pessoas, na sua imensa maioria formada de jovens em formação, à pergunta (refrão), cantada, de “que país é esse?”, da música homônima da Legião Urbana, respondia, em uníssono. É a p... do Brasil!

Isto mesmo. O público brasileiro (havia estrangeiros, também) que ali estava, eufórico, assistindo àquela banda, ofendeu repetidas vezes o seu próprio país, e o cara embasbacado com o coro entusiasmado de “é a p... do Brasil” simplesmente sorria, feliz com aquele espetáculo lamentável. Em êxtase, repetia o refrão. E o público respondia: é a p... do Brasil. E ele cantava, e pulava, e sorria. Coita(Dinho)s. De nós.

2 comentários:

Ana Paula disse...

Muito boa essa crônica, amor! Você tinha mesmo que escrever sobre isso...realmente foi um episódio lamentável.

João disse...

Eu estava lá e vi o P... do CoitaDinho cacofônico fazendo esse papel miserável. Ele dizia com um sotaque inventado "cara, cara, cara ... cara". O Cara é um retardado. O Lobão mandou muito bem há 3 décadas. Coitadinho.