sexta-feira, 22 de julho de 2011

Óbidos


Estariámos no séc. I, cidade de Eburobrittium, rodeados por romanos, visigodos e árabes. Ou no iniciozinho do séc. II, quando a veríamos ser tomada aos mouros e posteriormente servido de dote a várias rainhas de Portugal.

É que a atmosfera da vila portuguesa de Óbidos, no início da primavera deste abril de pleno séc. XXI, deve guardar muita semelhança com aqueles ares. Lá estão, cruzada a Porta da Vila forrada por azulejos setecentistas, entre suas muralhas, séculos de história marcados por imenso patrimônio arquitetônico religioso, além de evidentes sinais históricos.

Óbidos é tão simpática quanto deslumbrante e bucólica. Chegados à Casa das Senhoras Rainhas (nosso hotel), e após degustarmos a ginginha (imperdível licor feito de ginja, fruta que lembra a cereja) com algumas frutas e chocolates com que nos receberam, fomos ao passeio.

Caminhamos sobre a muralha do castelo que a envolve (às vezes bastante estreita e algo perigosa), depois por suas ruelas empedradas e tortuosas, casario harmonioso pintado com barras azuis ou amarelas, janelas floridas de roseirais, madressilvas e buganvílias, candeeiros antigos, monumentos, igrejas e capelas.

Troca-Tintos
Já à noite, saboreado o delicioso jantar e as não menos gostosas “peras bêbadas” (cozinhadas embebidas em vinho) no seu mais famoso monumento nacional, o Castelo (Pousada) de Óbidos, rumamos ao charmoso “Troca-Tintos”, bar próximo à entrada secundária da muralha, já por fora dela, onde conhecemos Christinna e Mota: aquela, sua jovem proprietária; este, talentoso músico, maestro e, claro, bebedor de vinho. Simpáticos é pouco. Christinna, um doce de garota; o Mota, uma figuraça.

Ginginha
Bebemos cerveja (eu), vinho (nossos amigos) e ginginha (Ana Paula) durante toda a madrugada, papeando sobre nossos países, música, literatura e amor. Maestro da Big Band da Nazaré, Mota nos presenteou com um ótimo CD, e nos ensinou que o brinde, para valer, deve ser acompanhado do olhar ― e arregalava os olhos, encarando-nos e empunhando sua taça na direção das nossas (risos). Contei, até umas horas, a história do meu namoro com AP, relato recheado de parênteses para a conta de algum detalhe peculiar, mas ao que o Mota, ansioso, já, pelo ápice da narração, protestou, bravo: chega de parênteses, André! Divertimo-nos demais! Muito obrigado aos nossos amigos pela noite deliciosa.

Dia próximo a nascer, fomos embora. Força da diurese, por pouco não marquei meu território na milenar muralha. A tentação foi grande, mas contive-me até chegar ao hotel. Juro!
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Tb pub. na Gazeta de Alagoas

3 comentários:

Anônimo disse...

Amor meu, toda a emoção que sentimos quando estávamos lá, volta com força total através das suas palavras... ainda com a saudade daqueles dias e noites tão perfeitos!
Fico muito feliz por você estar escrevendo com tanto prazer!!!
Te amo muito,
Ana Paula

Adelino Mota disse...

Tudo o que aqui está escrito é pura das verdades... eu estava lá, eu sou a tal figuraça... abraço André

André Falcão de Melo disse...

É isto, amigo Mota... Aguardamos vcs, para passearmos pela também bela Maceió.
Obrigado pela visita e pelo comentário. Volte sempre.
Abração!